Exportações de carne bovina pelo Arco Norte
Assim como no setor de grãos e oleaginosas, grande parte das exportações brasileiras de carne bovina tem origem em estados próximos ou na própria região Norte. Nos seis primeiros meses de 2022, por exemplo, os embarques provenientes de Mato Grosso, Rondônia, Pará, Tocantins e Maranhão totalizaram 41,3% do total. Neste sentido, era de se esperar que as melhorias logísticas estivessem impulsionando o crescimento dos embarques de carne bovina nos portos do Arco Norte, à semelhança do que acontece com a soja, o milho, entre outros produtos agrícolas.
Entretanto, não é isso que se observa. Mais uma vez utilizando a periodização dos seis primeiros meses deste ano, apenas 3,7% dos embarques aconteceram em portos da região Norte, com quase a totalidade dessa porcentagem sendo proveniente do Porto de Belém/PA. Do restante, a grande maioria das exportações de carne bovina se concentrou no Porto de Santos/SP (71,9%), seguido por Paranaguá/PR (10,6%), Itajaí/SC (4,8%) e alguns outros portos majoritariamente da região Sul do país.
O principal motivo dos frigoríficos não optarem por exportações de carne bovina pelo Arco Norte, mesmo quando os custos de transporte são menores é que eles não possuem a infraestrutura necessária para armazenar grandes quantidades de produtos refrigerados. Para manter a qualidade da carne, ela tem que ser mantida ou em câmaras frigorificadas ou em contêineres reefers, um tipo de contêiner específico que permite controle de temperatura. Nos portos da região Norte, existe um número bastante limitado de câmaras e de tomadas, estas necessárias para manter os contêineres reefers funcionando.
Por exemplo, um estudo feito pela ESALQ no final de 2017 descobriu que o Porto de Santos possuía 7.179 tomadas para contêineres reefers e cinco câmaras frigorificadas. Já o Porto de Belém, o mais bem equipado do Arco Norte, possuía apenas 56 tomadas e somente uma câmara refrigerada.
Mesmo que o frigorífico consiga garantir que seu produto ficará armazenado em um dos portos da região Norte, ele ainda enfrenta uma série de dificuldades que não está acostumado a enfrentar nas regiões Sul e Sudeste. Entre elas, destaque para a baixa periodicidade dos navios, o reduzido número de trabalhadores especializados e os atrasos nos embarques, que dificultam as exportações de carne bovina pelo Arco Norte. Estes fatores aumentam os custos logísticos por acarretar em gastos elevados com mão de obra e com a estadia dos contêineres nos pátios, adicionando fatores de inibição ao uso do Arco Norte.
Exportações brasileiras de carne bovina por porto no 1º semestre (mil toneladas)
Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX.